As plantas têm emoções?


Antes de tentarmos lidar com esta questão poderia ser uma boa idéia livrar-se de alguma bagagem política indesejada que pode interferir na resposta. Questionar se as plantas têm ou não sentimento acaba por levar-nos a perguntar se sentem ou não dor. Isto por sua vez desemboca em território político e acaba por recair no eterno debate sobre os direitos dos animais. O capital investido na indústria da carne tem se apegado na evidência de que plantas têm sentimentos, e reclamado de que isto mostra discrepância básica dos vegetarianos e os que conclamam os direitos dos animais. O argumento usado é o seguinte: você diz que é errado causar sofrimento para os animais criando e/ou comendo-os; contudo você está feliz criando e comendo plantas; esta pesquisa mostra que plantas também sentem dor; logo vocês são incoerentes.
Existem duas respostas simples para este argumento.
A primeira baseia-se no fato de que todo mundo tem que comer, e isto significa não somente seres humanos mas os animais, também. Todo animal antes de chegar ao supermercado para consumo, alimentou-se com sementes, grãos, grama e assim por diante. Isto significa que a real escolha não é entre matar plantas ou animais, mas entre apenas matar plantas, ou matar animais mais uma grande quantidade de plantas. Os vegetarianos podem então argumentar que mesmo que estejam causando algum sofrimento estão causando menos do que os consumidores de carne.
A segunda resposta para o argumento da indústria da carne é dizer que ao contrário dos animais, muitas partes do reino vegetal conta em serem comidas como parte de realizar sua função. A razão pela qual as plantas produzem fruta suculenta e noz comestível é que elas querem que os animais as comam.
Nos anos de 1960, Cleve Backster um especialista americano no uso de aparelho detector de mentiras, descobriu que plantas pareciam “desmaiar” quando se sentiam ameaçadas. Uma pessoa a ponto de comer uma planta poderia induzi-la a uma quieta aceitação deste estado. Backster imaginou se algumas plantas de fato poderiam entrar neste estado de boa vontade, e ficarem contentes em servir de alimento para um animal tornando-se parte de uma diferente forma de existência.
Os dois argumentos apresentados – a redução no sofrimento total, e a boa vontade das plantas – poderiam ser suficientemente poderosos por si mesmos. Alguns defensores dos direitos dos animais dispensaram uma conversa sobre a emoção das plantas. Sem dúvida eles acreditam que podem mostrar que as plantas não sentem nada e também recusam o argumento da indústria da carne. Outros, profissionais céticos também acham difícil aceitar que existem emoções a serem encontradas em qualquer lugar fora do reino animal. Então como podemos falar de uma planta “ser feliz” em ser comida? Que evidência existe de que plantas realmente têm emoções?
De acordo com o best-seller “The Secret Life of Plants” – de Peter Tompkins e Christopher Bird, na realidade há muita evidência para esta crença. Nos anos de 1970 o professor soviético V. N. Pushkin publicou várias pesquisas sobre as plantas e suas reações para com os estados emotivos dos humanos. De acordo com ele há base para pensar que a nível celular, as plantas carregam as mesmas atividades básicas que em nós evoluiu para pensamento humano. Outro cientista soviético relatou que plantas torturadas respondiam com medo à aproximação do torturador e acalmavam-se à aproximação de quem cuidava delas.
Outro estudo levado a cabo na Rússia mostrou que as plantas podem ser condicionadas. Uma planta que recebeu choque elétrico com uma pedra perto dela eventualmente associou os dois eventos de modo que quando somente a pedra era colocada ao seu lado ela respondia como se tivesse recebido um choque.
Muito deste trabalho tem provocado incredulidade por parte de alguns cientistas e pensadores.
Existem naturalmente grandes diferenças entre o organismo das plantas e dos animais. Mas não devemos nos permitir sermos cegados por essas diferenças a ponto de nos tornarmos incapazes de encontrar grandes similaridades.
Sob um nível genérico, existem poucas preciosas diferenças entre nós e os chipanzés. Na realidade todos os organismos vivos – incluindo as plantas – compartilham dos mesmos vinte amino ácidos, e do mesmo código genético usado por todos para fazer uma variedade de substâncias.
Nos últimos cem anos várias pessoas têm sugerido que de fato é possível ter emoções sem um sistema nervoso central reconhecido.
Parafraseando o cientista Jagadis Chandra Bose, plantas respiram, comem e movimentam-se sem a ajuda de pulmões, guelras, estômago ou músculos – por que então elas não podem sentir sem um cérebro ou nervos?
Em uma série de experiências, Bose mostrou como plantas reagem a estímulos tais como toque, música, veneno, calor e choques elétricos da mesma maneira que animais. Cansam-se quando são superestimuladas. Também mediu reações ao álcool que chegaram perto da embriaguez.
O Dr. Bach era uma criatura extremamente compassiva. Uma de suas características desde criança era a de preocupar-se com o sofrimento das pessoas, dos animais e da natureza. Porém, acreditava que as plantas que comemos foram providas pela natureza para suportarem outros modos de existência, incluindo seres humanos. E ao procurar plantas como medicamento, sabia que não as encontraria entre as utilizadas para alimento, que já preenchiam seu propósito. As verdadeiras plantas de cura seriam aquelas cujo propósito ainda estava por ser entendido.
Ele as encontrou com características próprias ligadas aos estados emocionais: medo, insegurança, desespero, raiva e vários outros. Plantas que não servem para serem ingeridas para suprir necessidades de alimento físico, mas que servem como alimento espiritual já que modificam nosso campo energético. O mais interessante é que as essências retiradas das plantas são utilizadas para curar as próprias plantas. Assim, o trabalho de Edward Bach vai de encontro à idéia de que tudo tem sua função no mundo em que vivemos. Precisamos apenas agir com equilíbrio e discernimento para que a natureza nos premie com tudo o que dela faz parte, cada parte uma assinatura, impressa claramente para que nossos olhos enxerguem.
Referência: The Bach Flower Gardener – Stefan Ball – C. W. Daniel Company Limited – 1999.
Escrito por Mariza Helena Ribeiro Facci Ruiz

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